domingo, 23 de junho de 2013

Cultivar na alma

A alma é como um oceano que se adapta a tudo que a cerca, tendo em sua essência os mapas que precisamos para escolher quais caminhos seguir, encontrando os ventos necessários para içar velas no momento ideal e fazer com que elas se guardem quando nos encontramos em um porto seguro, do mesmo jeito que fazemos com nossas asas que por vezes nos colocam em lugares que jamais imaginamos alcançar...
Nos dias em que nossa alma já não absorve mais nada tudo parece mudar para um formato retilíneo demais para se compreender, indo ao encontro de paisagens, jardins, visões, percepções e tudo o mais que se possa recordar e que fixaram-se de tal maneira no tempo que se assemelham aos quadros que por vezes nos deixam viajar sem tirar os pés do chão...
Só que nas mesmas percepções há também o profundo conhecimento, na verdade o reconhecimento daquilo que já carregamos dentro de nós, mas que por uma razão que parece sem resposta se congelou no tempo, nos dias e noites que se seguem continuamente.
E é só aí que tudo parece sair do ponto dos tais caminhos mais seguros, deixando que nuvens não sirvam de referência com anteriormente por se moverem rápido demais, por seguirem seu curso cíclico que nos mostra como cada momento é único, mesmo quando parece repetido, pois não somos as mesmas pessoas por tempo algum se olharmos para nossa história que ganha linhas adicionais continuamente...
Então cada página preenchida não é mais um ciclo, mas um degrau que se encaixa nos anteriores e posteriores, que abre espaço para caminhadas laterais e que nos leva às janelas de almas que nos presenteiam com mais e mais linhas compartilhadas.
Talvez por isso acontecer continuamente é que em certos dias nos apegamos àquilo que já nos é familiar, que absorvemos e então encaramos como igual, só que no fundo as maiores diferenças sempre se encontram nas igualdades da vida, deixando-se assemelhar para não fugir de nossa compreensão, mas mesmo assim trazendo outros caminhos...
Há também que se ressaltar que muitas das receitas trazidas pelas lições aprendidas ao longo dos anos já nos pertenciam de forma fragmentada, unindo-se às demais peças ao longo das estradas que se alternam e cruzam, levando consigo os dias que se aproximam e afastam em igualdade, deixando-nos livres o suficiente para nos prendermos como árvores que se sustentam pelas raízes, mas nossa prisão sempre vai se encontrar na alma que resolvermos cultivar, do jeito que quisermos, com quem pudermos e para quem conseguirmos oferecer mais do que um mero estar, pois toda presença também é repleta de ausências que ficam escondidas no fundo da alma...

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