domingo, 5 de fevereiro de 2012

Aprender a ouvir a cada dia, em cada reencontro...

Saber ouvir é algo raro, que faz a vida ganhar outro sentido, aprender com as experiências da outra pessoa, dedicar-se a si e ao outro sem cerimônias, sem questionamentos infundados e ainda assim trazer para mais perto quem está contando um pouco mais da sua história.
É interessante poder estar ali presente de corpo e alma, ouvindo de verdade, para agregar à própria vida mais do que palavras vazias, pois nenhuma vida é composta por vazios, e é isso que torna ainda mais interessante olhar diretamente para a pessoa e ouvir, não apenas com os ouvidos, mas com a alma...
Isso é também questão de deixar de lado o egoísmo natural do ser humano, que se coloca acima dos outros, que faz parecer que só há uma história a ser contada, e que esta deve ser ouvida, quando no fundo dia após dia existe apenas a dúvida, não como pergunta, mas como algo que fere inconscientemente.
Aí começamos a olhar com mais calma o que temos dentro de nós, o que é importante, e paramos para doar um pouco de nós ao outro, através de um gesto esquecido há muito pela grande maioria das pessoas... e que quando exercitado assusta, pois parece que ninguém mais está acostumado a ser ouvido de verdade.
Então as pequenas surpresas, cada um dos pormenores dos gestos, é muito maior do que qualquer palavra, só pelo fato de colocar um sorriso no rosto de alguém, de poder parar, dar atenção e aguardar...
Só que os dias cada vez mais corridos parecem ter retirado das pessoas a paciência em ouvir, em apreciar as demais vidas, em doar o seu tempo para mais alguém... retirando toda a graça dos relacionamentos, fazendo com que tudo na vida se torna apenas um jogo... jogo este que só leva a perder, onde um quer ser mais que o outro por não querer a outra pessoa ao lado...
Desta maneira cada dia passa a se repetir, as ações são sempre iguais, todo mundo passa a ser descartável, usável e nada mais, pois são poucos os que ainda mantém a alegria em estar ao lado da outra pessoa para rir, para ouvir cada história, para provocar um sorriso e até mesmo ficar sério quando necessário... sem que para isso seja preciso diminuir o outro, fazer-se melhor e até assumir que seus defeitos são exclusivos, vibrantes e se encaixam na mesma categoria das qualidades.
Mas o passar do tempo também mostra que se não olharmos para as pessoas de forma mais profunda vamos nos acostumando com a transformação do encanto em uma paisagem sem vida, já que temos o hábito de achar que já conhecemos a outra pessoa o suficiente, tentando forçar a definição de monotonia até que se transforme em um conjunto de vazios que antes eram cheios, sublimes e encantadores apenas por existirem...
E somente ao percebermos que o ouvir não é um apagar a si mesmo para deixar o outro brilhar é que poderemos entender melhor o que faz com que a vida tenha sentido, que faça valer cada segundo, que até mesmo o voltar a ser criança é uma decisão muito mais sábia, madura e assertiva, mas que requer uma experiência tão grande que apenas poucas almas poderão fazê-lo, pois não envelheceram por ficarem presas, mas ganharam asas ao aceitarem que mais alguém também quer participar desta história...

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