segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Os instantes entre o início e o fim

As pessoas se esquecem de que tudo acontece entre o início e o fim, que durante o trajeto tudo fica mais claro, mais próximo dos passos que damos para alcançar os horizontes que teimam em fugir na mesma proporção, mas que não nos deixam abandonar os sonhos porque nos revelam que além do que vemos diante de nós há um horizonte que nos acompanha...
Apressar os passos para alcançar os horizontes é algo que acontece na vida de todos, com a pressa de chegar e sem saber ao certo o porque dos passos acelerados, deixando mais espaços em branco do que memórias gravadas nas linhas da vida.
E assim acontece diariamente quando abandonamos a nós mesmos dentro de caixas ou por detrás de portas que nos esquecemos de guardar as chaves, saindo em disparada e não observando se quem nos acompanha ainda está ao nosso lado.
Talvez isto aconteça para que tenhamos que parar por breves instantes para nos lembrar de como chegamos até aqui, quais são os caminhos que trilhamos, qual era a composição da paisagem que recheada de cores, sons e aromas nos trouxe um pouco de paz para a alma...
Mas não é assim que tudo acontece, e por vezes é natural deixar tudo transcorrer de forma automática, mas se nos dermos conta de que isso ocorre vamos perceber que por vezes apenas caminhamos sem saber a razão ou sequer que caminhos percorremos...
Isso faz com que tenhamos que observar mais atentamente se o que seguimos é parte de nós ou se são sonhos que não nos pertencem, que vão apenas respingando sobre nós conforme caminhamos e deixamos tudo correr sem a nossa percepção, voltando ao automático que não nos permite sentir a vida.
Só que mesmo assim muitos podem levar os dias consigo apenas como referência de datas ou horas, sem nada para preenchê-los, mas como tudo acontece sem a vida necessária para se notar que se está vivo, nada parece importar...
Com isso as almas ficam mais vazias, deixam de ganhar as asas, ou então vão as atrofiando continuamente, por interferências que nos prendem em caixas que ficam cada vez menores porque tudo o que ali se encontra faz um volumoso vazio que chega a sufocar...
E daí em diante muitos deixam que os dias comecem a se apagar gradativamente, transformando tudo ao redor em meros espaços que não são mais compreendidos, já que pouco a pouco tudo vai perdendo o significado, a importância e os vínculos com as histórias que foram formadas...
Mas quando o oposto ocorre é possível observar que os dias ampliam os espectros e nos mostram detalhes que ainda não havíamos notado, como se a história que escrevemos estivesse sempre pronta para receber os retoques que a torna única e compartilhada com quem também descobriu que toda caixa só pode nos prender se nos esquecermos de tirar as tampas que sequer foram pregadas...

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